Juiz Márcio Dantas fala sobre justiça e cidadania na Escola da Lapa

22 de Maio de 2019

Na noite de terça-feira, 21, o juiz Márcio Trindade Dantas, da comarca de São João, fez mais uma palestra do projeto ‘Justiça e Cidadania se aprende na escola’ na Escola Municipal da Lapa, em São Jorge D’Oeste. O evento foi voltado para alunos, pais e professores. O projeto é estimulado pelo Tribunal de Justiça do Paraná. “Procuramos transmitir para crianças as noções de justiça e cidadania. A aplicação do projeto ocorre a partir do momento em que as prefeituras, por meio da secretaria de educação, manifestam interesse em receber o projeto. Aqui, estamos desde o ano passado, com encontros nas escolas. Buscamos mostrar como justiça e cidadania são importantes para a vida. Esse ano, tivemos o incremento de ampliar o projeto, trazendo os pais para as palestras, no sentido de estimular uma aproximação das famílias com as escolas, que é algo buscado pelos estabelecimentos de ensino”, destacou o juiz. 
Os encontros servem para aproximar os magistrados da comunidade. “É um projeto interessante, onde proporcionamos conhecimento para engrandecer os alunos e trazer uma visão diferente da justiça de que um juiz fica dentro de um gabinete, isolado e só se vê as pessoas nas audiências. Procuramos mostrar que a justiça tem procurado se tornar cada vez mais acessível e esse projeto proporciona esse ganho, conhecimento, aprendizado sobre o papel do judiciário, não só como alguém pra resolver problemas, mas como alguém que está ali para ajudar a sociedade”, acrescenta.

Dificuldades diárias na escola
Depois da sua explanação, o juiz abriu o microfone para perguntas. Uma professora destacou as dificuldades enfrentadas na rotina escolar atualmente, pois muitos pais estão terceirizando a educação dos seus filhos para os professores. “Nosso contexto social é bem diferente do que se via há 10, 15 anos, muito também por conta dos avanços tecnológicos e da falta de tempo. Os pais estão cada vez mais ocupados e acaba faltando tempo para o que deveria ser mais importante, que é a criação dos filhos. Com isso, acaba-se delegando essa responsabilidade para as escolas sem que elas tenham essa obrigação, essa atribuição. A fala da professora demonstrou justamente a pressão que as escolas sofrem para realizar algo que foge da sua tarefa natural, ordinária, mas que recai sobre elas”, comparou o juiz. 
Ele lamentou o fato dessa questão estar gerando conflitos entre familiares, professores e diretores. “A corda está se esticando e muito próxima de se romper, com professores altamente pressionados, cobrados, estressados, sem que haja apoio dos pais e, em muitos casos, além de não valer o apoio, há o confronto de pais que não aceitam um tipo de exigência, correção disciplinar, mas que não fazem sua parte no sentido de proporcionar os ajustes necessários nesses quesitos. Aí entramos num exemplo de crianças, alunos que usam celular na escola ou chegam atrasados e, quando são cobrados, vem com seus pais para a escola e, ao invés de tentar reforçar a cobrança pela correção, os pais querem que se passe a mão na cabeça do filho. Que exemplo a criança recebe? Que não tem limite nenhum. Essa é uma preocupação que vemos em todas as escolas e nesses encontros temos chamado a atenção dos pais sobre a responsabilidade que é deles e eles não podem delegar as escolas”, conclui.
Fone: Jornal de Beltão

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